O apego. É sem dúvida uma grande fonte de carência.
Saudade é como tentar segurar o vento.
É como não ter aqui e agora, nesse instante,
o que seria o mais importante da sua vida.
Também irônico (pra não dizer triste).
Nos atrevemos, ficamos presos a essa visão distorcida
e chamamos de amor.
Chamamos, gritamos e choramos por amor.
Um suposto amor que poderíamos facilmente chamá-lo de dor.
Mas não queremos.
''Está tudo bem, eu acho. Eu acho não, eu tenho
é certeza, afinal eu estou amando. Só pode ser bom.''
É tão forte que preferimos renunciar à própria felicidade,
do que renunciarmos ao outro.
Seria dor ou amor?
Talvez seja tudo.
Um pouco de cada.
Um pouco de céu e um pouco de inferno.
Às vezes um pouco quente e às vezes um pouco frio.
É tão pouco, tão pouco, que essa enorme quantidade
de pouco caso, se torna algo grande.
Na escala dos mundos,
algo do tamanho do cosmos.
É um grande sentimento.
É inimaginável e cego.
Isso pode ser pra vida toda, ou ao menos por um instante:
um mês, um verão, anos.
Algo tão enraizado não pode ser comum, não deveria.
Optamos em sermos infelizes para não nos desapegarmos do outro
e não permitirmos que o outro se desapegue de nós.
Um grande auto boicote.
Seria dor ou amor?
Talvez apego.
Um sentimento propriamente dito bom,
carregando todos os seus dramas.
Eu diria também exagerado.
E incondicional.
Quem deseja o amor incondicional,
deve (acima de tudo) saber amar incondicionalmente?
Penso que amar incondicionalmente para ser
amado incondicionalmente, já é uma condição de amor.
É contraditório e doentio.
Seria dor ou amor?
Talvez não seja apenas apego.
Talvez seja maior do que isso.
Precisamos nos esforçar com o mesmo drama,
com o mesmo exagero e com a mesma intensidade,
somente para deixar de lado (por um pequeno momento que seja)
o pensamento que dói.
Dizer ''adeus saudade''.
Mas também não queremos isso.
''Eu já disse, é amor. Só pode ser bom.''
Você deveria ser capaz de estar só,
completamente só, e ainda assim, tremendamente feliz.
Todos nós deveríamos.
Quando deixa de ser carência e passa a ser uma necessidade,
começa a doer.
E se dói, é preciso largar.
Seria dor ou amor?
É uma doença.
Uma doença com o mais lindo sorriso.
Se relacionar é um fluxo, um movimento, um processo.
É impossível virar o disco, fechar a porta e sacudir a poeira.
É incrível amar e desejar,
mas é destrutivo não possuir e se perder.
Pela última vez, seria dor ou amor?
''Eu não sei. Eu sinto muita falta.''
Alexandre Ramirez.