26 de mai. de 2011

''ATEOFOBIA - ATÉ QUANDO?''

''Mas você não acredita em Deus, como pode dizer o que é certo e o que é errado?''




Não é a primeira vez e infelizmente creio que não será a última que escuto uma expressão como esta. Esse é só um exemplo de como o preconceito contra os ateus no Brasil passa despercebido...

É como se apenas os fiéis tivessem o monopólio da verdade, ética e moralidade.
Amar o próximo e ter posições éticas não são privilégios da religião. Aliás, muito pelo contrário.
Qual é a moral e a ética se você só age direito porque tem medo de um castigo?
Ou de pessoas que só fazem o bem por um interesse pessoal de ir para o paraíso depois de morrer?

Eu por exemplo vivo de maneira honesta porque racionalmente acredito que é melhor para a sociedade, melhor para o convívio das pessoas e porque é o certo a fazer. Simples.


Poderíamos até pegar como gancho o caso do casal acusado de matar a menina Isabela quando citou o nome de Deus repetidas vezes durante a entrevista para o Fantástico. Ou até o fato da madrasta, que passou os primeiros dias na cadeia chorando e lendo a bíblia...
eles não tinham ética e moral?

O que eu quero dizer é que não preciso me agarrar em uma divindade para saber qual o melhor caminho a seguir em certas circunstâncias.


Sei muito bem que é errado jogar aviões em prédios e matar pessoas inocentes alegando estar participando de uma guerra divina;


sei também que é errado abusar sexualmente de crianças (o Vaticano pode explicar melhor isso);

sei que é errado condenar a humanidade inteira pelo pecado de duas pessoas (ocorrido em Gênesis - Adão e Eva); 

sei que é errado fazer apologia ao derramamento de sangue (você pode ver isso em todo o antigo testamento);

sei que é errado abusar da fé de pessoas humildes para lhes tirar uma parte do salário (os famosos 10%);

sei que é errado manifestar preconceito contra os homossexuais e pertubá-los julgando e condenando-os ao inferno eterno apenas por AMAR uma pessoa do mesmo sexo;

sei que é errado deixar que um ser humano morra por recusar uma transfusão de sangue;

e por fim, também sei que é errado tentar proibir o uso de preservativos PRINCIPALMENTE no continente onde a maior causa de mortes é o H.I.V. (África).

Poderíamos inclusive passar horas apenas falando da inquisição, porque não?
E isso sem contar nos crimes cometidos em nome da religião que permeiam a história da humanidade e continuam ocorrendo todos os dias.



Não importa se você acredita em Deus ou não. O significado da vida é realmente muito importante.
Por isso devemos dar valor a ela e não banalizarmos este tesouro que desfrutamos.
Uma formiga não se mantém no formigueiro porque vai para um ''céu das formigas'', ela faz isso simplesmente porque é a lei natural de todas as espécies vivas.
A vida em si quer se perpetuar, e a forma que ela descobriu de fazer isso é através de nós, seres vivos.

Foi Albert Einstein que disse: 
''Se as pessoas são boas apenas por temerem um castigo 
e almejarem uma recompensa, 
então realmente somos um grupo muito desprezível.''

 
O PRECONCEITO;

''Na luta das minorias por direitos no Brasil, as mulheres e os negros estão avançados, embora tenham ainda um caminho árduo e comprido rumo à igualdade de tratamento e à compensação das injustiças históricas a que foram submetidos. Já os LGBT estão mais atrás, mas já conquistando vitórias notáveis e o respeito da sociedade secular, tendo ainda, porém, que enfrentar a homofobia da grande maioria dos cristãos e de suas igrejas, influenciadas pelas raízes cristãs de nossa cultura, de quem ainda acredita que homossexualidade ou mudança de sexo são escolhas pervertidas em sua essência.

Os ateus, por sua vez, são a última minoria no Brasil, os que estão em maior desvantagem no que tange à garantia do respeito aos seus direitos – ainda que já possuam tantos direitos quanto os cristãos perante a lei – e à dignidade de sua pessoa. Os crimes de preconceito e discriminação dirigidos contra eles são hoje muito frequentes na internet, na mídia, nas igrejas, nas escolas e até nos lares, e mais de 99% deles passam totalmente impunes – não sendo sequer objeto de denúncia às autoridades por parte dos próprios ofendidos.


Para agravar a situação, uma enorme parcela dessa categoria, senão a maioria, é apática e indiferente à discriminação que a população descrente em geral sofre no país. Embora considerem irrelevantes as injúrias e declarações de ódio vindas de fanáticos religiosos, esquecem que milhares de ateístas sofrem na pele as injustiças impostas por uma sociedade cuja maioria não os respeita – como rompimento familiar e discriminação na escola – e ignoram as muito prováveis consequências em grande escala desse cenário não tratado de ateofobia reservadas para o futuro.


Portanto, faz-se mais que necessária a mobilização, à maneira dos próprios ateus, em busca do respeito e do reconhecimento social generalizados que ainda não têm. Seja estabelecendo ONGs como a ATEA, seja lutando individualmente, seja agregando os ateístas de sua cidade em torno da suma causa do combate à discriminação, faz-se essencial que se pare de ignorar o cenário de hostilidade e segregação que a categoria como um todo e centenas de milhares de indivíduos a ela pertencentes sofrem direta ou indiretamente.


Só com luta é que o respeito aos ateus será enfim uma norma geral obedecida generalizadamente pela sociedade – atualmente é uma regra que apenas uma parcela minoritária da população acata de fato. Se somos minorias ainda mais preconceituadas e discriminadas do que mulheres, negros e LGBT e estas três categorias estão lutando muito para terem sua dignidade integralmente reconhecida e as injustiças do passado compensadas, o que nos impede, afinal de contas, de fazer o mesmo que eles?''






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